quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quem sabe?

e qual foi seu ultimo pensamento?
antes dele morrer, pensou muito no que tinha feito na sua vida, os amores que tivera, os amigos com quem vivera maior parte de sua simples vida, sentiu-se amargo por não ter ninguém ali ao lado, em seu leito, por incrível que pareça, conseguiu viajar e olhar todos aqueles que passara a vida, chorou muito, viu que aqueles do passado sentiam sua falta, já que sumira um pouco antes de adoecer, sem deixar se quer um bilhete a algum parente, simplesmente, sumiu, viu o mundo de várias maneiras, e pôde ver o quão sua vida foi bonita, mas no final dela, uma tormenta, em seus pensamentos, queria voltar a ser criança, lembrando quando aprendeu a andar de bicicleta, quando seu pai o ensinou a jogar batalha naval, seu primeiro machucado, e corria para os braços de sua mãe, esperneando por aquele corte, sentia falta daqueles dias simples em sua rua, que nem era asfaltada, e o primeiro dia na escola?
Até hoje se lembra, das primeiras conversas, dos colegas, já no primeiro dia, enquanto voltava da escola, uma chuva forte, chegou em casa todo ensopado, livros e apostilas encharcadas, e assim a gripe, tempos e tempos, da sua adolescência rebelde, da sua primeira namorada, onde descobriu a volúpia, sofreu bastante com a ida do seu pai, e assim largou a rebeldia, virou o homem da casa, com seu primeiro emprego, estudos, tudo agora era difícil para ele, mas com fé e esforço superou tudo, já na fase adulta conheceu uma linda mulher, que passava seus dias, apaixonado, quando tocava sua pele, o coração disparava, casou-se, porém não tivera filhos, se arrependeu muito por isso, mas continuou sua vida, pensava em adotar uma criança, mas não o fez. Enquanto foi levando sua vida, foi perdendo algumas coisas que aqui não serão faladas, desejou muito viajar pelo mundo, mas como sua queria esposa adoeceu, não o fez, e assim sua vida começou a cair, morte da mulher, alguns sonhos que nunca seriam realizados, empresa falindo, e por assim adiante. Quando se viu em uma profunda solidão, eis que aparecem os amigos dos velhos tempos, mostrando que a vida não acabara, e assim, re-ergueu sua empresa, voltou a se dedicar ao trabalho, sempre que pudera vira seus amigos, chamava-os pra jantar em sua casa, organizava rodas de jogatina e assim por diante. Num certo dia, em uma bateria de exames, rotineira, descobrira que tinha uma doença muito rara, e incurável, sem saber o que fazer, fechou a empresa e assim sumiu, não avisou nada a ninguém, sofreu por muito tempo quieto, mudou-se para um lugar bonito, porém afastado de tudo, assim ninguém o conhecia, nada sabia dele, as vezes se trajava como mendigo, para ver as reações das pessoas, via que muitos tinham a alma caridosa, davam-no esmolas, comida etc. Mas uma vez sentiu-se sozinho, e lembrou dos amigos que tivera, todos preocupados com seu sumiço, não avisara ninguém que saíra da sua cidade. Pensou bem no que havia feito, a culpa o tomou, assim, chorou mais uma vez, já em seus últimos dias de vida, pediu a um garoto, que era de rua, para que encontrasse seus antigos amigos, e que pedisse que todos dividissem sua herança, sem brigas, cada parte dele estaria em um daqueles que vivera com ele. Quando soube o que o menino o fizera o pedido desse velho doente, sentiu-se na hora de partir, e assim... foi para mais uma vez, aprender, refletir seus feitos em vida, dos erros e acertos que tivera. Um dia voltará, quem sabe...

Por Caio Duarte

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